Ira infundada

Leitura Bíblica: Mateus 18.28-35

A discrição do homem o torna longânimo, e sua glória é perdoar as injúrias (Pv 19.11).

Conta uma lenda africana que certa vez um filhote de leopardo afastou-se de casa e se aventurou entre uma grande manada de elefantes. Seus pais o tinham adver­tido para manter distância daqueles gigantescos animais, mas ele não lhes deu ouvidos. De repente, houve um estouro da manada e um elefante, sem sequer vê-lo, pisou no filhote. Pouco depois, uma hiena encontrou o corpo e correu para contar aos pais: Trago notícias horríveis - disse ela - Encontrei seu filhote morto na savana. A mãe e o pai leopardos deram urros de raiva e desespero. Como aconteceu? - perguntou o pai - Diga quem fez isso com nosso filho! Não descansarei até me vingar! Foram os elefantes - disse a hiena. Os elefantes? - repetiu o pai leopardo, surpreso - Você disse que foram os elefantes? Sim - afirmou a hiena - vi as pegadas deles. O leopardo andou de um lado para o outro, rosnando e balan­çando a cabeça. Não, você se enganou - disse por fim - Não foram os elefantes. Foram as cabras. As cabras assassinaram meu filho! Imediatamente deu uma corrida morro abaixo, irrompeu entre um rebanho de cabras que pastavam no vale e, num ataque de fúria, matou todas em vingança. 
Acredito que o leopardo, vendo que não teria forças para se vingar dos grandes elefantes, descontou sua ira nas pobres e indefesas cabras. Veja aqui um acontecimento muito comum entre nós humanos. Por exemplo, quantos maridos ofendidos pelos seus patrões ou clientes descontam sua raiva em casa, discutindo com seus familiares. Muitas vezes somos humilhados por pessoas poderosas e ficamos calados, mas procuramos alguém mais humilde para também humilhar. Existem situações que pelo mesmo motivo, gritamos com alguns e sorrimos para outros. 
Que possamos refletir sobre a necessidade de tratar a todos igualmente. Tratemos a todos com bondade, demonstrando que conhecemos a Deus, seu amor e misericórdia. Que todos os nossos atos sejam feitos com amor (1Co 16.13).

Sejamos pacificadores.